segunda-feira, 26 de abril de 2010

Manifesto a favor da Educação Física

O Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) esta organizando um Manifesto contra o Projeto de Lei (PL) 5.186/05, que irá alterar a Lei 9.615/98 (“Lei Pelé”). No artigo 90-E, a ser incluido, permitirá que ex-atletas possam atuar como Monitores de Esporte e este fato irá influenciar diretamente no mercado de trabalho do educador físico.

Para evitar sua aprovação no Senado, é necessária uma campanha de repúdio ao atual texto do PL 5.186/05, e será necessário a sua participação no Manifesto de repudio contra esta Lei.

PARTICIPE!

Ajude a divulgar o manifesto e a lutar pelo direito da população para ser assistida e orientada pelo Profissional de Educação Física.

Divulgue o site e ajude a derrubar este projeto.

http://www.confef.org.br/extra/manifesto/

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Coragem, candidatos!

Na “Folha de S.Paulo”, de ontem.
JUCA KFOURI

Coragem, candidatos!

Que aspirante à Presidência do Brasil anunciaria a desistência em fazer a Copa e a Olimpíada no país?

PRIMEIRO , foi São Paulo que submergiu sob as chuvas de verão.

Depois, o Rio, devastado pelas águas do outono.

A fragilidade de nossas duas principais cidades, e do seu entorno, ficou, mais uma vez, dolorosa e dramaticamente evidenciada.

Faz sentido investir em estádios para a Copa do Mundo?

Faz sentido investir em estádios e acomodações para a Olimpíada?

Sim, sabemos que não investir no supérfluo não garante o investimento no essencial.

E que já houve experiências lucrativas em países que receberam tanto um quanto outro evento.

Mas um país que permite, e estimula, o surgimento de favelas sobre lixões, e de bairros sobre pântanos, está apto a ser olímpico?

Teria José Serra a coragem de dizer que entre as suas prioridades não estão a Copa do Mundo e a Olimpíada e que desiste delas?

E Dilma Rousseff? Viria a público, mesmo que lamentando, para dizer que o país deve abrir mão dos dois eventos porque ainda não é a nossa hora de fazê-los?

Marina Silva seria a candidata a botar o dedo nessa ferida?

Ninguém nega a importância que eventos desse porte têm para um país emergente. Ninguém nega.

Mas e num país submergente? Dá para encarar?

Esqueça o refrão da corrupção, faça de conta que tudo será feito com lisura.

Ainda assim, depois de tudo que passou o eixo Rio-São Paulo, o mais rico e influente do Brasil, faz sentido Copa ou Olimpíada?

Desnecessário repetir que houve um terremoto no Chile e em seguida se fez a Copa do Mundo de 1962 no país andino.

Ou a mesma coisa em relação ao México, em 1986.

Porque, se catástrofes naturais são o que são, o fato é que não se pode comparar a magnitude do que houve lá com o que as chuvas, por fortíssimas que tenham sido, e foram mesmo, causaram por aqui.

Esperar que os céus nos poupem em 2014 e 2016 porque, afinal, as festas esportivas se darão em meses de estiagem, será confiar demais no destino.

Como confiaram os desgraçados do Morro do Bumba, no Rio de Janeiro, ou do Jardim Pantanal, em São Paulo.

A situação em que ficaram as piscinas do São Paulo Futebol Clube e o Maracanã e o Maracanãzinho deveria servir para convencer até os mais teimosos sobre a aventura em que estamos entrando e que ainda podemos evitar.

O que aconteceria com um candidato que anunciasse ao Brasil que, se eleito, abriria mão dos dois eventos e poria o dinheiro, por exemplo, na erradicação das favelas?

E no saneamento básico.

E na educação.

E na saúde.

Perderia votos? Ou ganharia?

Eis aí uma boa pergunta para as pesquisas que todos os candidatos fazem em seus comitês. Suspeito que o resultado venha a ser positivo.

Sim, você dirá que sou um sonhador ou um ingênuo, até porque vou ainda mais longe: afirmo que, mesmo que uma pesquisa revelasse perda de votos, ainda assim, um verdadeiro líder, destemidamente a favor do Brasil, bancaria a decisão.

E, então, alguém se habilita?

O meu voto, ao menos, ganharia.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Estado, esporte e dinheiro

Artigo publicado no Correio Braziliense no último domingo.
POR RAQUEL TEIXEIRA*
http://blogdojuca.uol.com.br/


O esporte como indústria no Brasil esteve, por décadas, condenado a inexistir em virtude da desimportância dedicada pelo Estado ao setor. Essa realidade, que condenou o esporte brasileiro a mendigar, é, hoje, passado. O setor não está mais à míngua. Dispõe de fontes inúmeras de recursos, aptas a garantir o desenvolvimento da atividade.

Com a aprovação da Lei Piva, os Comitês Olímpico e Paraolímpico (COB e CPB) foram aquinhoados, entre 2001 e 2009, com mais de R$ 735 milhões. Recursos que se avolumaram com a criação da Bolsa Atleta, responsável, em 2008 e 2009, pelo repasse de R$ 55 milhões aos atletas por ela beneficiados. E considerados os repasses da Lei Piva nesse período, o esporte brasileiro dispôs, em dois anos, de R$ 304 milhões.

Há mais, entretanto. O orçamento do Ministério do Esporte, entre 2003 e 2008, destinou mais de R$ 6 bilhões ao Programa Esporte de Alto Rendimento, tendo sido pagos, desse total, mais de R$ 4 bilhões. Além disso, as estatais garantiram, em 2007, R$ 297 milhões ao vôlei, à vela, ao tênis, ao futsal, ao atletismo, à ginástica, à luta olímpica, ao surf, ao handebol, ao esporte motor, aos desportos aquáticos, ao judô e ao basquete.

Dinheiro para o esporte, portanto, é farto. E destrinchado o numerário referente a 2007, constata-se que a Lei Piva assegurou ao COB e ao CPB R$ 99,9 milhões. Sem falar no fato de que, então, as entidades esportivas captaram, valendo-se da Lei de Incentivos Fiscais, R$ 50, 9 milhões.

Às vésperas dos Jogos de 2008, consideradas a Lei Piva e a Lei de Incentivos, o esporte contabilizou, portanto, aportes no valor de R$ 150,9 milhões. Mas não foi tudo. Em 2007, os patrocínios das estatais destinaram a entidades dirigentes e modalidades esportivas R$ 297 milhões, elevando o apoio a patamar invejável: R$ 447,9 milhões.

A esse total há que se acrescentar o orçamento do Ministério do Esporte de 2007: R$ 1,78 bilhão, dos quais foram pagos R$ 1,35 bilhão. O que, considerados os demais desembolsos, redunda em R$ 1,798 bilhão. Em contrapartida a tal magnanimidade, não corresponderam, nos Jogos de 2008, as conquistas sonhadas pela sociedade brasileira, responsável direta, por intermédio do pagamento de impostos diretos e indiretos, pelos recursos que irrigaram os cofres das entidades de administração do esporte.

Com a obrigação contratada pelo Brasil de realizar os Jogos de 2016, sobreleva-se a tarefa de preparar as delegações olímpica e paraolímpica para, na maior competição esportiva do mundo, colher marcas expressivas. Se examinarmos, entretanto, os resultados da delegação brasileira nos recém-encerrados Jogos Sul-Americanos, disputados na Colômbia, o otimismo com a captação do direito de realizar as Olimpíadas arrefece.

Defrontaram-se na competição, na modalidade atletismo, atletas Sub-23. Os que representarão seus países nos Jogos do Rio. O Brasil, que era hegemônico, amargou o terceiro lugar. Enquanto a Colômbia conquistou oito ouros e a Venezuela quatro, a delegação brasileira trouxe, apenas, três ouros.

Números à parte, a verdade é que o Brasil defronta-se com um imenso desafio – o de transformar o esporte em matéria de interesse prioritário. Como fez, em 1990, o governo da Espanha, ao sancionar a Lei 10. A partir daquele momento, o esporte de alto nível tornou-se de interesse do Estado.

Enquanto a Espanha, há 20 anos, adotava uma decisão a favor do esporte, essa indústria, que gera benefícios sócioeconômicos diversos, não motivou, ainda, o interesse do governo brasileiro a formular uma política de Estado para o esporte. Iniciativa que, uma vez tomada, resultará em um diploma polar, que garantirá a implementação de um planejamento estratégico, capaz de democratizar a aplicação dos recursos existentes para o setor e ampliar, de fato, o acesso de todos os segmentos da população à iniciação esportiva.

A oportunidade da América do Sul sediar, pela primeira vez, os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos fundamenta, porém, a obrigação de o país dispor de um diploma para o esporte semelhante, em intenções, aos existentes para os setores de educação e de saúde. Lei dispondo que o esporte de alto nível é de interesse do Estado e definindo regras que assegurem às instâncias formadoras de atletas os recursos hoje à disposição da indústria do esporte. O que lhes possibilitará, afinal, investir na descoberta e no aprimoramento de talentos motores que farão do Brasil, no futuro, uma potência esportiva.

*A professora Raquel Teixeira é deputada federal (PSDB-GO) e presidente da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Morre cronista esportivo Armando Nogueira, aos 83 anos

http://www.gazetaesportiva.com.br/nota/2010/03/29/628963.html

Rio de Janeiro (RJ)

O mundo do futebol se despediu na manhã desta segunda-feira, por volta das 7 horas, do jornalista e cronista esportivo Armando Nogueira. Aos 83 anos, ele sofria com um câncer no cérebro e estava bastante debilitado desde 2007, quando descobriu a doença e se tratava no Rio de Janeiro, onde faleceu.

Armando Nogueira nasceu em Xapuri, no Acre, e em sua carreira de jornalista cobriu diversas Copa do Mundo, a partir de 1950. Repórter, editor e colunista, ele trabalhou na Revista Manchete, O Cruzeiro, Jornal do Brasil, além da Rádio CBN e da Rede Bandeirantes e Rede Globo, em seus 60 anos de carreira.

Como autor de livros, Nogueira publicou dez títulos, todos sobre futebol, entre eles "Drama e Glória dos Bicampeões", "Na Grande Área", "Bola na Rede", "O Homem e a Bola", "A Copa que Ninguém Viu e a que Não Queremos Lembrar", "A Chama que não se Apaga". Além disso, ele escreveu os textos do filme "Pelé Eterno", que estreou em 2004.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Olimpíada e Copa Trazem Prejuízo Social

Sexta-Feira, 05 de Março de 2010 | Versão Impressa - O Estado de S. Paulo

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100305/not_imp519833,0.php

ONU conclui que eventos afetam moradia de boa parte das pessoas
Jamil Chade

A organização de Copas do Mundo e Jogos Olímpicos causou a expulsão de milhares de pessoas de suas casas e, na grande maioria dos casos, teve impacto negativo sobre a situação de moradia para a população. A conclusão é da ONU, que apresenta hoje, em Genebra, seu primeiro relatório completo sobre o impacto de megaeventos esportivos sobre a vida das pessoas nas cidades que os sediam e desfaz o mito de que apenas trazem benefícios à população.
No caso do Rio de Janeiro, alerta o estudo, a ameaça de expulsão de moradores de áreas que serão usadas para os Jogos de 2016 é real e o governo terá de dar uma solução.

O trabalho de elaboração do levantamento coube a uma brasileira, Raquel Rolnick, relatora das Nações Unidas para o Direito à Moradia e hoje uma das principais especialistas mundiais na questão. A ONU buscou contato com a Fifa para tratar do assunto. Sequer foi recebida. "Experiências passadas mostram que projetos de reurbanização adotados para a preparação de eventos resultaram em violações extensivas de direitos humanos, em especial o direito à moradia"", alertou Rolnick em seu documento, que será apresentado hoje a governos de todo o mundo.

Expulsões, encarecimento de moradia, falta de alternativas e pressão sobre os mais pobres, que acabam empurrados para as periferias, têm sido algumas das marcas mais características das Copas e Jogos Olímpicos. Para a brasileira, os benefícios econômicos desses eventos não são distribuídos de forma adequada à população e o legado "é longe de ser positivo"".
"Velhas disparidades parecem se exacerbar diante de um processo de regeneração e embelezamento das cidades"", afirma. "As consequências de longo prazo de megaeventos incluem fatos preocupantes.""

Os exemplos citados pela ONU são inúmeros. Em Seul, em 1988, a Olimpíada afetou 15% da população, que teve de buscar novos locais para morar - 48 mil edifícios foram destruídos. Em Barcelona, em 1992, 200 famílias foram expulsas para a construção de novas estradas. Em Pequim, a ONU admite que 1,5 milhão de pessoas foram removidas de suas casas. A expulsão chegou a ocorrer em plena madrugada. Moradores que se opunham foram presos.
Outra constatação é a alta nos preços de casas. Em Seul, a inflação foi de 20% nos oito meses anteriores aos Jogos. O preço da terra subiu 27%. Em Barcelona, a alta foi de 131% nos cinco anos antes da Olimpíada, contra mais de 50% em Sydney. Em Atlanta, 15 mil moradores foram expulsos de suas casas em 1996 e a inflação no setor imobiliário passou de 0,4% para 8% no ano dos Jogos.

Para Londres/2012, as áreas próximas aos locais dos eventos já sofrem inflação quatro vezes maior que a média nacional.

Em relação à Copa da África, a relatora alerta que os compromissos do governo de proporcionar ganhos sociais com o evento não estão se confirmando. O orçamento para isso é baixo e a Fifa sequer aceitou falar com Raquel sobre o assunto. A ONU pede que a entidade modifique seus critérios para a escolha da sede das próximas Copas. Não houve resposta.

JOGOS DE 2016

Para a Olimpíada do Rio, a ONU já alerta para possíveis violações ao direito à moradia. Um dos problemas seria a Vila do Autódromo, que poderia ter seus moradores expulsos para as obras do evento. Outra preocupação é com relação à falta de informação sobre compensações que moradores de algumas áreas terão de receber.

OS IMPACTOS NA HABITAÇÃO

1988
Olimpíada de Seul
Em Seul, 15% da população foi violentamente expulsa e 48 mil edifícios foram demolidos em 1988 durante a preparação dos Jogos Olímpicos. A especulação imobiliária aumentou em mais de 20% o valor dos apartamentos e em mais de 27% o de terrenos

1992
Olimpíada de Barcelona
Duzentas famílias foram despejadas para abrir caminho para a construção de novas rotatórias e outras adaptações urbanísticas antes do Jogos Olímpicos de 1992. A especulação imobiliária em torno dos Jogos resultou num aumento de 131% no preço dos imóveis

1994
Copa do Mundo dos Estados Unidos
Em Dallas, cerca de 300 pessoas foram expulsas de suas residências por causa da preparação para a Copa do Mundo 1994

1996
Olimpíada de Atlanta
Em Atlanta, em torno de 15 mil residentes de baixa renda foram expulsos da cidade por causa dos Jogos. Cerca de 1.200 unidades de habitação para os pobres foram destruídas em nome dos Jogos

2000
Olimpíada de Sydney
Em Sydney, os relatórios indicam que cerca de 6 mil pessoas foram desalojadas na preparação para os Jogos Olímpicos de 2000. A especulação imobiliária em torno dos Jogos elevou em 50% o preço dos imóveis

2008
Olimpíada de Pequim
Projeto envolveu realocação de moradores em larga escala. Foram relatadas denúncias sobre despejos em massa, por vezes conduzidos por homens não identificados. Cerca de 1,5 milhão de pessoas foram deslocadas

2010
Copa da África do Sul
Mais de 20 mil moradores foram removidos e transferidos para áreas empobrecidas da cidade. O ministro da Habitação observou que os planos de construir milhares de casas de baixo custo poderiam ser afetados por mudanças nas demandas do orçamento na preparação para a Copa de 2010

2010
Jogos da Commonwealth de Nova Deli
Em Nova Deli, na Índia, 35 mil famílias foram expulsas das terras públicas na preparação para os Jogos

2010
Olimpíada de Inverno de Vancouver
Em Vancouver, mais de 1.400 unidades habitacionais de baixa renda foram perdidas em relação à especulação imobiliária gerada pelos Jogos Olímpicos de Inverno de 2010

2012
Olimpíada de Londres
Na capital da Inglaterra, sede dos Jogos de 2012, que antecedemo os do Rio, o preço médio dos imóveis no entorno olímpico aumentou mais de 3%, enquanto no restante da cidade os valores caíram aproximadamente 0,2 por cento

2016
Olimpíada do Rio
No Rio de Janeiro, diversos assentamentos informais estão sob ameaça de despejo, por causa da construção de instalações esportivas para a realização dos Jogos Olímpicos de 2016